domingo, 22 de janeiro de 2017

Terno de madeira

Seja bem-vindo.
Neste momento você faz parte da minha mente, somos a mesma pessoa.
Quem quer ser Renan Tescaro?
Ok, ninguém rs.
Mas tanto faz, apenas seguiremos em frente.
Eu e você.
Você e eu.
Não se esqueça, somos a mesma pessoa.
Estamos em um carro, indo para alguma cidade qualquer, passamos na frente de um galpão, podemos ler a pichação: “Alguém já disse que te ama? Eu te amo.”
E isso fica em nossas cabeças.
A maldita necessidade de ser amado, de ser alguém, de participar do grande aglomerado mas ao mesmo tempo ser diferente.
E tudo isso é uma grande merda.
Olho pra o reflexo da janela do carro, olhos nos olhos, “alguém já disse que você vai morrer? Você vai morrer.”
Nossa morte será silenciosa, serena, sem escândalos.
Ninguém sentira nossa falta.
Por mais corriqueiro que seja pra você ouvir elogios das suas fotos no Facebook.
Por mais corriqueiro que seja se sentir superior.
Nós iremos morrer, e ninguém se importa.
Esta é  nossa única certeza, iremos apodrecer.
E tudo o que nós fizemos será deixado de lado.
Um ente 7 bilhões.
Cópia da cópia.
Apenas mais um sorriso de dentes brancos.
E ninguém se importa.

Estamos quase chegando ao nosso destino.
Passamos por um acidente que acabou de acontecer.
Poderia ter sido nós.
E a morte passa ao nosso lado, sorridente.
Seus dentes amarelados e podres.
Seu hálito embaça os vidros do carro.
Vejo sangue no asfalto, presuntos engomadinhos.
Ternos de madeira sendo fabricados.
Mas tanto faz.

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