terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Palavras de consolo a um completo desconhecido

A parede marcada pela claridade do sol
Reflexo de uma realidade que não conheço
Um cover de uma música qualquer tocando no fundo
A jaqueta de couro sintético jogada em cima de uma cadeira de escritório
Roupas espalhadas pelo chão do quarto
Seu corpo pálido debruçado sobre um colchão velho
Um olhar seco e vazio varre a sua volta
Aquele reflexo... Como um espirito perdido tentando se comunicar
E ele diz qualquer coisa
Palavras de consolo a um completo desconhecido
Sinais de uma vida já passada
Me chamando
Apenas venha
A pele suada e grudando
Seu cheiro em minha mente
E tudo parece bem mais profundo do que realmente é
Só não se apegue, e talvez já seja tarde pra dizer isso
Apenas, viva
Sobreviva
Seus instintos falam mais alto
Gritam
Respiração pesada
E ultimamente tudo se resume a isso
Vivendo dias esperando chegar a noite
Uivar para a Lua
As duas Luas
E tudo isso se torna muito confuso
Cambaleio em direção a cozinha
Água.
Ele está ao lado da pia, com sua fantasia de carnaval
Sorri incansavelmente para mim
Vejo sua voz brigando com as paredes, se debatendo, até chegar em meus ouvidos
Apenas não me diga o obvio
Apenas siga o maldito Coelho Branco
Blá Blá Blá
Foda-se toda essa merda
Tudo se repete como loops, e não consigo te encontrar
Preciso abastecer a moto, é hora de tomar alguma direção
O presente é tedioso

sábado, 11 de fevereiro de 2017

Lembranças Artificiais

Sábado.
Deitado sobre a cama, observando as pequenas imperfeições do teto, vendo insetos suicidas voando contra a lâmpada, esperando encontrar algo diferente da morte.
O rádio perdeu a sintonia, ficando só em chiados nos últimos 30 min. Não há barulho de carros passando na rua, nem de vizinho ouvindo músicas altas. Apenas o chiado do rádio e minha respiração.
Tenho 20 anos, e penso no que fiz nesses últimos anos.
Penso em toda a vida que tive, nas pessoas que conheci e as que esqueci.
Penso nessas pequenas coisas que definem a direção de nossas vidas.
E em como poderia ser completamente diferente se pequenas coisas do meu passado fossem alteradas.
A religião me tornou ateu, por mais estranho que seja afirmar isto.
Logo após, a busca por algo superior. A maldita busca pelo coelho branco.
A cruzada atrás de te encontrar.
Ela.
A Organização.
E aqui estamos.
Apenas tento imaginar minha vida se tudo fosse diferente do que é.
Como é ser humano e saber que um dia você irá morrer?
Como é ter medo do oculto e gostar de humanos?
Como é saber conversar com uma pessoa?
A maldita ansiedade me domina, e sei bem onde isso começou.
O significado se perdeu quando te conheci.
Catalogar ações se tornou idiota e sem graça.
Apenas queria aquele corpo branco, quase albino, ao meu lado.
E escrevendo desta forma, parece que foi a mil anos... E talvez tenha sido.
Ou são apenas lembranças artificiais, implantadas em minha mente.
Lavagem cerebral feita em minha infância, ou ontem.
A quanto tempo você tem consciência de sua existência?
setFocus()
Pessoas que perdi o contato.
Foda-se.

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Leite

Oh Yes
O zíper da bolsa quebrou, munições espalhadas sobre a mesa.
Vários tipos e tamanhos.
Armas por toda a parte.
Miolos com sangue espalhados pelo chão.
Seu rosto pálido, sem saber o que fazer.
Batidas na porta, Eles estão aqui.
Apenas sorria meu amor, sorria como se não houvesse um amanhã.
Sinto a adrenalina percorrer pelo meu corpo.
Isso é melhor que andar de moto.
Melhor que fuder chapado.
Isso, prova que ainda estou vivo.
Que a minha ansiedade serve pra alguma coisa.
Que meu medo serve para alguma coisa.
Oh yes.
E tudo está tão claro agora.
O céu é azul, e isto parece ser uma grande descoberta.
A música alta para esconder os disparos.
Leite? Sim, eu vi..
Me poupe de sua sexualidade barata, sorrio.
Mesmo assim te desejo.
E como poderia não desejar?
Eles entram atirando.
Busco em minha memória a primeira vez que te vi.. E lembro, perfeitamente.
Corro pelos fundos, como o combinado.
A noite está apenas começando .
Oh Yes