Peperit

Domingo, 13:01

Macacos chapados em busca de deus.
O caminho, a verdade e a vida.
Merda.
Quantas vezes já te disse?
A simulação evidente.
Em treze andares de lamentações, Matrix foi apenas um delírio.
E hoje Jesus é apenas um cogumelo.
Olhos azuis.
Comparação alegórica de ordem superior.
E sempre foi assim.
Faça sua própria interpretação, e ganhe com isso.

Macacos chapados

Sexta-feira, 27, 19:50

O céu esta escuro, chuviscando, estou em um pasto, em um sitio.
_Tome cuidado com a cerca, o choque esta ligado.
Ele diz, preciso mencionar que ele sorri?
No começo era engraçado, agora é horripilante.
_Eles nascem sozinhos, nunca em colônias.
Ligo a lanterna do celular, direciono para aquele monte verde.
Besouros pretos, sem chifres.
Moscas.
_Precisamos mesmo fazer isso?
Digo com tédio e de saco cheio de andar com aquela botina apertada.
Minha calça esta molhada, e ainda não encontramos ao menos um.
_Vai chorar?
Ele diz... Em um tom que mistura ironia e uma risadinha forçada.
Ele sorri com o canto esquerdo da boca, seus dentes mudam de aparência de acordo com seu humor.
Hoje seus dentes estão amarelados.
Ele sorri, mas faz isso como obrigação, como se fosse inevitável.
_Sabe a origem das histórias sobre vacas abduzidas?
Não faço ideia... Porque eu saberia algo do tipo?
_Não disse que você deveria saber, é apenas uma das formas que gosto de iniciar um diálogo.
Ah...
_Tudo neste mundo esta conectado, isso inclui extraterrestes e vacas. E como em tudo, tem um leve toque de religião.
Sempre tem um toque de religião.
_O fato é, você não esta aqui atoa. Tudo esta ligado, e isso inclui o que estamos fazendo.
E o que diabos estamos fazendo?
_Estou preste a te apresentar a chave da evolução humana, o seu Elo Perdido.
Chame isso do que quiser, eu digo que estamos mexendo em merda.. E isso não é nada legal.
_Encontrei.
Ele diz isto enquanto se vira em minha direção.

Carcosa

Sábado, decido voltar no tempo.
Volto para minha antiga casa, e vou a procura do meu passado.
Os móveis estão cobertos por poeira, a prateleira com livros caídos.
O Rei Amarelo chama a minha atenção, parece impecável, é um dos poucos livros que permaneceram no lugar que deixei.
Vou até o meu antigo quarto, a porta está aberta. A lâmpada está queimada, abro a janela, a claridade imunda os poucos móveis.
Uma cama e um guarda roupa, comuns, simples, ambos de uma madeira escura.
A cama está sem lençóis, apenas o colchão e um travesseiro, os dois da cor bege.
Abro o guarda roupas, ainda com roupas, está cheirando a mofo.
Abro a última gaveta, um caderno e umas folhas soltas.
_Esta procurando alguma coisa?
Ele está atrás de mim, me viro.
Ele está de calça jeans, camiseta branca, e sorrindo.

Você

Olá, a quanto tempo..
E em todo esse tempo, você não saiu da minha mente.
Eu sei que dificilmente você vai ler isso.
Eu sei que dificilmente você vai sair da minha mente.
Você é a pessoa mais interessante que já conheci.
E dentre todos esses demônios em minha mente, a sua voz sobressai.
Decorei regras de um jogo idiota, e até assisti alguns filmes.
A estrada está escura, vazia, e me pergunto qual o destino.
Me pergunto se no futuro vou te ver na rua.
Quem sabe seremos vizinhos.
E vou ser obrigado a te ver.
Transo com aquela garota, mas penso em você.
Peço pra que ela não fale, imagino sua voz, seus gemidos, sua pele marcada.
E eu nem conheço o seu cheiro garota.