quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Puppet

São 3:47 da manhã, você acorda.
São 4:12 e você está dirigindo seu carro a 150 km/h.
Isso não é um sonho.
Isso não é um pesadelo.
É apenas você cumprindo as minhas ordens.
Estou ao seu lado, falando em seu ouvido, “faça”, e você faz.
São 4:25 e você está sob o meu controle.
Puppet.
Dirija até a cidade A, compre café, de meia volta e passe na cidade B.
E lá vamos nós.
São 5:10 e tem uma corda em volta do seu pescoço.
_Acorde.
E você acorda.
Você assustado me pergunta o que está acontecendo.
Estou te mostrando como é fácil te domar.
Como é fácil te controlar.
E aqui estamos nós.
Você passa a mão em torno do seu pescoço e diz que está doendo.
Sim, está doendo, posso sentir.
Eu sou você, e você sou Eu.
Me pergunto como fui paras as 5 da manhã com uma corda no pescoço.
Você dá risada, “Eles tinham razão”
Sim, Eles sempre tem razão.
Você é um Deles, mas sempre se refere a você mesmo desta forma.
Nada mais importa.
Nada faz sentido.
E isso não é recente.
Sorrio e pergunto quando tudo isso começou, a corda se solta.
Estamos em um prédio, um bem alto.
Alto suficiente pra ver a curvatura da terra.
Alto suficiente pra ver muita coisa.
E você aponta em direção a vários lugares e me conta como aquele povoado surgiu.
Como as grandes corporações surgiram.
Como grandes marcas chegaram no que é hoje.
Como o Marlboro, cigarro inicialmente destinado a mulheres, virou um símbolo masculino pós guerra.
E eu simplesmente ouço tudo, tentando entender o que você quer me ensinar.
E você aponta em direção a vários lugares e diz que é tudo meu.
Não é meu, mas é seu.
E você ri de tudo isso.
Somos os donos do universo, o mundo em nossas mãos.
Mas tanto faz.
Você aponta o dedo para um carro preto: “capote, 3 giros, pegue fogo.”
“Levante e ande”
Um cadáver sem metade da cabeça sai de dentro do carro, se levanta, e anda.
Suas roupas estão pegando fogo, e seus ossos saindo do corpo, mas está andando.
E tudo o que você disser, assim será feito.
Porque é assim que as coisas funcionam.
Sempre foi.
Mas só agora percebi isso.
Você tem 10 anos, e quer assistir ao filme do “Gasparzinho”.
E o filme passa na televisão.
Você tem 15 anos e quer ouvir uma música.
E a rádio toca a música.
Sempre foi assim, só você não percebeu.
São 11:11 da manhã, e seus olhos brilham mais que o normal.
“É agora”.
Estou em uma montanha, e posso sentir um tremor.
“Terremoto”
E assim se fez.
Você é apenas uma criança brincando.
Quem é você?
E você com aquele maldito sorriso irônico começa a falar.
_Tudo isso que te mostrei hoje, por mais importante que tenha sido em seu período histórico, vai acabar.
Tudo isso que você consegue ver, vai acabar.
E já está acabando.
A morte aguarda atentamente o fim de cada vida, e nada dura para sempre.
São 12:35 e você me traz para casa.
Dou risada e volto a dormir.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Ela

Talvez tenha tido um acidente durante o parto.
Talvez sua mãe não teve os devidos cuidados após o seu nascimento.
Talvez nada disso mais importe.
Apenas misture.
Misture café com energético.
Misture sua maldita ansiedade com lembranças dela.
O seu corpo magro.
Seus ossos aparentes.
Seus olhos dissimulados.
Seu cabelo bagunçado.
Apenas misture.
Talvez a única coisa que preciso é de você ao meu lado.
Mas você está morta.
E isso fudeu com meu cérebro.
Talvez houve algo de errado no parto, isso deve ser mais comum do que se imagina.
Meu cérebro macetado contra o crânio.
Tento te esquecer, mas você insiste em me dar bom dia.
Insiste em permanecer na minha mente.
E não há nada que não me faça lembrar de você.
Apenas misture.
E você esta ao meu lado, falando em meu ouvido.
Apenas peço que vá embora.
Mas antes de ir, fique mais um pouco, me fale sobre seus sonhos.
Me fale.
Mais uma xícara de café.
Mais um cigarro.
Mais memorias.
E tudo isso apenas fode com meu cérebro.
Talvez algo aconteceu quando ainda era pequeno.
Talvez a água estava contaminada.
Cloro de mais.
Apenas misture.
E você esta na minha frente, com seu vestido vermelho.
Só peço um minuto.
Apenas gostaria de estar ao seu lado.
A música está alta de mais, não consigo te ouvir.
Gostaria de estar em um filme, e poder voltar no tempo, fazer tudo diferente.
Ser diferente.
Mas o maldito coelho não sai da minha mente.
A maldita farpa.
Seu maldito nome.
E você não sai da minha mente.
Talvez tenha sonhado de mais.
Talvez.

Cópia da Cópia

Seu enorme sorriso.
Seus dentes brancos perfeitamente alinhados.
Seu corpo feito em uma academia, nutrido com uma alimentação saudável.
Em um piscar de olhos minha mente volta a sua origem, volto a ser o que sempre fui e jamais deixarei de ser.
E tudo o que quero é espedaçar seus dentes.
Te dar um belo motivo para fechar esta boca.
Apenas te trazer para a realidade, para a Real Life.
Abrir seus olhos.
É sonhar de mais?
Imagino seus dentes quebrados, sua cabeça raspada...
Imagino seu corpo jogado em um beco qualquer, e um sorriso surge em meu rosto.
Apenas gostaria de te mostrar outro ponto de vista.
A sua perfeição me enoja, ânsia de vomito.
Meu almoço volta para minha boca, e agora são 12:08.
Apenas preciso sair daqui, você já nasceu morta.
Um caso perdido.
Uma porca burguesa.
Eu sou apenas o invisível.

O maldito coelho apenas acena de forma negativa, abaixo a cabeça.
“Obrigado”

domingo, 18 de dezembro de 2016

Visita

Em seu quarto, com as portas e janelas fechadas, posso ouvir sua voz baixa, pedindo, suplicando por ajuda. Seus joelhos dobrados sobre o chão, com seus braços apoiados sobre a cama, esta orando, pedindo ajuda ao divino.
Tenho medo de religião, e você deveria ter também, a menos que tenha certeza que esta orando para o deus certo.
A temperatura cai, o vento gelado toma conta do quarto, e não, não é um anjo ou ajuda divina. É apenas a minha presença, te observando, tentando entender o que você quer. Por que insiste tanto? Já te alertei muitas vezes, de todas as formas que pude, mas estamos aqui outra vez, você chorando sobre os lenções branco da cama. Seu choro é em vão, seus problemas não serão resolvidos com lagrimas ou com palavras de suplica.
Me sento na cama, a poucos centímetros de distância, passo a mão em seu cabelo, colocando as suas mexas atrás da orelha. Você sente a minha presença, sua voz fica mais alta, seus pelos se arrepiam, e posso ver seus olhos forçados para se manterem fechados. Não vim fazer mal, apenas gosto de vagar pela sua casa, de ver a ironia na forma em que você organiza os moveis, os portas retratos... Estou aqui porque gosto daqui, me sinto bem, mas você não entende isso.
Me levanto da sua cama, vou até a sua sala, me sento na poltrona, o som que ela faz, o plástico grunhindo, a madeira estralando, mas logo você vem em minha direção, segurando um crucifixo de madeira, dou risada, entendo o recado, estou te assustando, me desculpe, me levanto, passo ao seu lado e assopro na sua nuca, você da um grito alto e agudo, o suficiente para que seus vizinhos ouçam, dou risada, desculpe, aquilo foi inevitável, não consegui resistir, vou embora, andar pelas ruas noturnas da cidade, relembrar o meu passado e talvez encontrar alguém que  queira me ver.

Boa noite amor, sonhe com os anjos.

domingo, 11 de dezembro de 2016

Tributo a Palahniuk

Você acorda, e hoje é domingo, mas tanto faz.
Faltam 9 dias para o Natal, mas tanto faz.
Hoje é apenas mais um dia pacato que insiste em começar.
Apenas mais um dia como qualquer outro, e você se pergunta: “Qual o motivo de tudo isso?”
Mas no fundo você sabe, não há sentido, é apenas o que é, nada de especial, nada para se glorificar ou blasfemar, apenas o que é. E você fica inquieto quanto a isso.
Amanhã é segunda-feira e você terá que levantar cedo e ir trabalhar, mas tanto faz.
Os dias são todos iguais, exatamente iguais, mas tanto faz.
Você apenas quer ter um bom motivo pra continuar com essa merda.
Descarte religião, aquelas bobagens não entra em sua mente.
Descarte relacionamentos baratos.
Descarte bebidas e drogas.
Descarte todas essas merdas, porque você já andou por estas ruas, e sabe o que vai encontrar no final.
Não são esses significados que você esta procurando, não mesmo.
Você apenas precisa de um maldito significado pra essa merda, mas no fundo sabe que não há nada de especial, e esta é sua decadência.
O coelho branco é uma ilusão, ele não existe.
Todos os seus personagens fictícios são delírios.
Alice, Morpheus, Tyler, Donnie.
Estão todos mortos. Bem mortos.
Fudidamente mortos.
E você apenas quer um sentido pra toda está merda.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Descaso

As 2 da manhã se aproxima
A música passando por nós
O diabo sorrindo no reflexo do carro

Oque a torna tão especial? Não há motivos para eu me apegar em alguém em tão pouco tempo, aliás, sou o Tescaro... Não sou?
Minhas mãos percorrem seu corpo
Seu pescoço pertence as minhas caricias
Minha jaqueta pregada contra a parede

Não era qualquer jaqueta. Paguei caro por ela, minha blusa favorita... Preta por fora, couro sintético, caveiras como estampa em um pano branco na parte interna.
Sua língua invadindo minha boca
O gosto do cigarro já me pertence
O batom escuro já não existe

Não sei que horas são, e nem o quanto está tarde. Meu passado está morto, e meu futuro entregue aos seus braços.
Suas mãos me rodeiam
Sua orelha, minha vitima
Minha voz em seu ouvido

Gravo todos os detalhes de cada segundo, e fiz bem fazendo isso. Seu cheiro em minhas roupas, o gosto do seu batom em meus lábios, suas medidas em minhas mãos.
Seu olhar de desejo
A discórdia na sua mente
Em sua língua a minha decadência
Desejo seu corpo nu, nossas carnes coladas uma a outra. Nossas almas em uma sinfonia frenética, nossas línguas entrelaçadas.

O passado em meus olhos
A dopamina em meu corpo
O descaso me sorri

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Passado

Meu maior medo se manifesta bem na minha frente. Ele se chama passado, repleto de ideias inacabadas e de destinos fracassados, um completo descaso já tomado pela poeira do abandono. Meu corpo é tomado por medo, receio e de todos os sentimentos que por um momento existiam só na minha mais oculta lembrança. Em questão de minutos já não sou mais o mesmo, meu rosto pálido se refugia na segurança da minha barba, minhas mão tremem e sinto dificuldade em digitar. Estou inquieto e permaneço por pouco tempo em silencio, logo me vejo fumando o segundo maço de Marlboro, cigarro após cigarro, como se isto fosse a minha única esperança. O Whisky desce queimando pela minha garganta, sinto meu corpo sendo aquecido por aquela maldita bebida, e a única coisa que vem em mente é me embriagar o mais rápido possível.
A incerteza e a dúvida são minhas aliadas, ao meu lado, me questionando, e pedindo a minha queda, sou logo dominado e me vejo conversando com as paredes.
A sua presença me queima, me sinto como um rato de esgoto, como uma barata após ser pisoteada em um metro. Volto a ser o garoto tímido que acreditava em deus.
Todas essas lembranças da um nó no meu cérebro, preciso de um tempo, não...
...preciso de uma bebida mais forte.

domingo, 27 de novembro de 2016

Sonho

A noite esta fria e desértica, ninguém nas ruas, céu com poucas estrelas e um tímido Luar. A rua cinza e calada, em sua esquina uma boneca lamenta o seu cruel destino. Seus membros foram arrancados, só resta seu tronco com a cabeça, amarrados com arame farpado em torno de uma cruz de madeira, enfincada em um buraco no meio da calçada. Garrafas de pinga e o que parece ser um sapo morto estão ao seu redor, lhe fazendo companhia. Me aproximo, imagino uma criança feliz brincando com a boneca, mas logo minha imaginação é tomada pela obscuridade daquela cena a minha frente.
Demônios com asas, magros a ponto de os ossos se destacar dentre a carne que aparenta estar podre, cheiro de enxofre no ar. Aranhas gigantes tomam conta da rua, surgem das sombras, dos bueiros e rapidamente me cercam, impedindo que eu fuja sem ter que encarar ao menos uma dezena delas. Posso ouvir uma música emergido no ar, como uma maldição preste a entrar em seu ápice, Kathaarian Life Cod é entoada como se estivesse na porta do inferno, sendo chamado para queimar eternamente ao lado de Satan.
Uma das aranhas vem em minha direção, esta é maior e terrivelmente mais horrível que todas as outras. No centro de seu corpo está uma cabeça de boneca, com os fios de cabelos arrancados, olhos furados, e em sua testa uma suástica torta e mal feita pode ser vista. A boca da cabeça de boneca se abre, palavras saem em forma de gritos, ecoando por aquela rua deserta, sangue vem em seguida, e logo a proporção daquilo se aumenta, as aranhas vem em minha direção, grunhidos de almas gritando do mais profundo inferno, sou apenas um amontoado de carne sendo devorado por malditas aranhas. Não consigo correr e nem gritar, fecho meus olhos e estou na mais profunda escuridão.

Acordo assustado, estou deitado em minha cama, não consigo me mexer, nem ao menos abrir a boca, aquela sensação horrível de acordar de um pesadelo a noite e ter que esperar esse efeito passar. Me recomponho e logo os movimentos voltam ao meu corpo. Me levanto e vou até o banheiro, me olho no espelho e debruço meu rosto na pia, deixando a agua gelada correr sobre minhas olheiras descendo até minha barba, volto a me olhar no espelho. Tem algo no meu lábio, me aproximo do espelho, abro a minha boca para ver com melhor facilidade, uma aranha sai de dentro da minha boca, fico pasmo e mal posso acreditar que isto está acontecendo. Minha garganta começa a arder e logo não consigo mais me controlar, sinto meu corpo queimando de dentro pra fora, me viro contra a parede do banheiro, e bato minha cabeça contra o azulejo com a maior força que poderia ter em um momento como esses. O branco do banheiro logo é tomado pelo vermelho do meu sangue, meu corpo cai sobre a poça de sangue e a consciência não mais me pertence. Sou apenas um corpo gelado que recebera a autóptica de suicídio.

Ilusão

Você esta preso em um caminho sem volta, sozinho, na mais profunda escuridão, sem ter para onde correr. Esta ouvindo estes gritos? São os milhares de mortos, que assim como eu e você morreram sem ter feito merda nenhuma na vida. Mas o que quer que eu faça? O mundo é um grande aglomerado de primatas, cegos pela ignorância. Por mais que você tente ser diferente, se destacar de alguma maneira, o final já é certo, o esquecimento nos aguarda, e isso parece tão terrível e ao mesmo tempo gentil.
Grito, corro, e procuro pela verdade em cada esquina, mas no fundo eu sei, o maldito coelho branco é apenas uma ilusão, assim como a igreja, a política, as marcas e todo o resto que nos cercam. Uma prisão construída por nós, para nós mesmos.
Procuro por alguém que pensa da forma que eu penso, e a única coisa que encontro são rastros deixados por alguém que já passou pela mesma situação que eu. Sou como o narrador de Clube da luta, indo em cidade à cidade procurando por mim mesmo. E nada, pode me ajudar, nem mesmo alucinações causadas pelas drogas, nem a sensação de embriagues, muito menos o cigarro. Este é um caminho que se trilha sozinho, em busca do oculto, do desconhecido, daquilo que um dia já te deu medo, mas que hoje você clama por sua companhia.
Eu quero que você saiba que eu estive aqui, que eu trilhei este caminho, e talvez estive mais perdido do que você possa imaginar. Me dê a sua mão, vamos juntos, eu e você, andarmos de mãos dadas por ruas vazias de madrugada, olhar para cada casa e imaginar o que acontece ali dentro, pensar se estamos sozinhos, se tem alguém passando pela mesma situação que nós.
Gostaria de acreditar que um dia tudo isso vai passar, e que eu não vou ter mais medo de viver, ou sobreviver, mas ao mesmo tempo penso, Que merda é viver? Dormir acreditando que no dia seguinte todas as minhas dúvidas serão sanadas? Acreditar que um dia posso encontrar alguém que faça com que minha vida faça sentido? Ou vou acabar reproduzindo igual a coelhos e este será o tão aclamado significado da minha vida? Ser escravo dos hormônios do meu corpo?
Estou ouvindo “Burzum - Beholding The Daughters Of The Firmament”, e por um momento é o que mais fez sentido na minha semana, no meu mês, talvez nos meus últimos 20 anos. Fecho os olhos e penso na conturbada vida que o homem por trás dessa música teve, e tem, e por um momento gostaria de ter esta vida para mim, talvez assim teria um objetivo maior do que escrever em um computador, sentado em uma cama.
Não precisamos queimar igrejas, nem matarmos uns aos outros, isso não leva a nada, apenas cria ódio e dissemina a intolerância. O que eu preciso neste momento é alguém que me explique o porquê de tudo isso.

E assim mais uma noite corre de minhas mãos, passando dentre meus dedos, como a areia de uma praia. 

domingo, 23 de outubro de 2016

Sr Ninguém

Você está sendo observado, não somente agora, em todos os momentos de sua vida. No banheiro, na faculdade, no trabalho, em seus momentos de prazer. Olhos por todos os lados, você não tem privacidade, nunca teve. Seu primeiro beijo, sua primeira foda, está tudo filmado, câmeras por todas as partes te perseguem, vai se esconder? Lá terá câmeras.
Pássaros sobrevoam os céus, crianças passeiam pelo parque, um dia como os outros. Mas não. Você é o único humano. Tudo ao seu redor é falso, neste momento você não passa de uma cobaia, uma mera cobaia. Cega pelo belo mundo ao redor, pela farsa ao seu redor. Se você prestasse mais atenção no mundo, menos no seu status, ou filtros do Instagram, quem sabe você já teria notado?
Tudo não passa de uma experiência, e você é o rato de laboratório. Com quem você convive? Passa a maior parte de seu tempo bêbado ou drogado, no trabalho sempre está dormindo acordado, como poderia esperar que alguém como você fosse descobrir o óbvio? A ignorância é uma benção?
Sua filosofia se resume ao tamanho de seus peitos, as frases de redes sociais, você realmente sabe ler? Sua existência é insignificante, a frase da sua tatuagem é sua marca da besta, a ignorância pregada em seu corpo.
De qualquer forma, vamos direto ao ponto, sua insignificância, ela pode acabar, abre os olhos, veja o seu redor, cadáveres ambulantes, zumbis fazendo compras, esquerdistas cegos pela própria existência, saias ambulantes pelas ruas, cães vestidos de policiais e lobos com ternos.

“Garota seu sexo só se celebra melhor quando se prostitui”

Blue

Seu cabelo azul escuro, liso, seu corpo magro e sem curvas. O tipo de menina que me faria ficar louco, literalmente...
Ela está sentada em uma poltrona, na sala de sua casa. Seu pai deitado no sofá, sua mãe dormindo.
No waths app, conversando com seus amigos de escola, as férias estão terminando, semana que vem volta as aulas.
Em sua cabeça só se passa o porquê do David não lhe dar atenção, afinal, ele é hétero?? Ela não é a mais bonita de sua sala, seu corpo é magro e sem grandes atrativos, mas de qualquer forma, como um homem poderia lhe dar um fora?
Só de pensar nisso se levanta irritada, vai até seu quarto, pega uma de suas capsulas do “pó milagroso” e segue em direção ao banheiro, se tranca, o ritual dá início.
Ela não é qualquer viciada, antes de se drogar há uma cerimônia, um processo...
Tira a sua roupa, começando por sua camiseta, branca e de alcinha, depois o short jeans, curto e pouca coisa folgado, seu sutiã e por último sua calcinha, ambos pretos...
Coloca seu celular e os fone de ouvido em cima da pia do banheiro, e antes de prosseguir, para e se observa no espelho, vê uma garota com cara de brava, com seu cabelo azul, sem tatuagens, apenas cicatrizes internas...
Abre a capsula, espalha o pó em forma de fileira, ajeita com as próprias mãos, coloca seus fones de ouvido, da o play no Eletric Moon, a música logo domina o seu corpo, fecha os olhos e respira fundo, calmamente. Puxa seu cabelo para traz, o jogando sobre as suas costas, inclina seu delicado rosto sobre a pia, tampa a narina direita, e com uma respirada funda percorre metade da fileira, levanta a cabeça, a jogando para trás, se apoia na parede... Foda-se os céus, aquela sensação é perfeita... Se senta sobre o vaso sanitário, abre suas pernas, e começa a se masturbar, ri sozinha e se imagina no lugar da Sasha Grey, homens sedentos por buceta de joelhos aos seus pés, todos te querem, o universo gira ao seu redor..
Alguns segundos e seu grelho já está molhado, passa seus dedos naquele delicioso mel, e leva até sua pequena boca, adora sentir seu gosto, ou seria se imaginar chupando outra garota? Volta a se masturbar, se penetrando com seus dedos, sentindo o corpo se arrepiar, suas pernas se contorce, briga consigo mesma, tira a mão, volta a colocar, seu gozo escorre entre suas pernas. Lembra do resto da fileira, se levanta e termina o trabalho, seu pó semanal termina... A música junto a cocaína, gosto de ferrugem na boca, o ápice do seu prazer...

Vai até o box do banheiro, e toma um banho com água morna, volta a se lembrar do David, foda-se aquele viadinho, não preciso dele.

Esboço

12:04, ela está atrasada... Marcamos de nós encontrarmos as 11:30. Restaurante Mama San, primeira vez que venho, lugar com decoração vintage, todo estilizado. Estou na mesa encostada na parede, no canto próximo as janelas. O melhor lugar para se almoçar, jogar conversa fora e apreciar a bela rua movimentada pela janela.
A música de fundo é Arctic Monkeys, “Of trying to kiss you...”, e na porta, Ela. Seria gay dizer que meu coração acelerou? Bem, foi o que aconteceu. Não sou do tipo garanhão ou que tem uma vida sexual muito ativa, mas, de todas as garotas que já sai... Nenhumas delas usavam uma touca vermelha no primeiro encontro. Cabelos ruivos encaracolados, com as pontas próximas a loiro. Pele branca, muito branca, me lembrando uma vampira. Batom vermelho em seus belos lábios, camiseta branca embaixo de uma pequena jaqueta jeans clara. Calça e tênis pretos.
Aceno, ela retribui com o mais belo sorriso e caminha em minha direção. Me levanto, e como um garoto de 10 anos dou um sorriso bobo. Lhe abraço e comprimento com um beijo em seu rosto. Ela se senta na lateral da mesa, ficando assim em meio termo entre estar ao lado e de frente. Não consigo parar de olhar em seus lábios, vermelhos, com essa pele branquinha, contracenando com seus belos dentes alinhados.
O cardápio pouco me interessa, o meu objetivo está bem ao meu lado. Ela me conta sobre suas bandas favoritas, e por mais que ela já tenha me dito, ver pessoalmente esses lindos lábios pronunciarem... Bem, pode continuar falando. Lhe convido para dar uma volta, tem uma praça aqui perto, não é uma armadilha de veludo, mas é a única coisa que consigo pensar.
Nos levantamos, vou ao caixa e pago a conta, uma água sem gás, que ela pediu, e um suco de laranja, que nem relei. Olho para trás, e a vejo próxima a porta, como uma borboleta plainando em um jardim em uma bela tarde de sol.
A praça é bem grande, com muitas arvores, caminhamos no corredor que vai até o centro, onde há um parquinho de crianças, com escorregadores e gira-gira. Vejo um banco a esquerda, lugar mais afastado e escondido, aponto na direção, ela sorri e vamos até lá.

Poucas palavras são trocadas, já fizemos isso no bar, passo minha mão em seu cabelo, elogio, ela tira a touca, e assim percebo, ela realmente é linda. Jogo um pouco de seu cabelo para trás de sua orelha direita, continuo com minha mão até sua nuca, sorrio e levo minha boca até a sua. Seu beijo... É diferente. E por mais que seja repetitivo dizer isso, apenas acredite. Não sei como descrever, mas, é algo exatamente como a sua aparência, mistura de várias experiências que já tive, mas com um toque completamente novo. Minhas mãos logo já dominam seu corpo, e me vejo abraçado com aquela bela mulher, o seu cheiro, sua pele macia, o gosto de seu batom vermelho. Ela já me pertence. 

Prostituta

Quando pequena, sua mãe dizia que iria se tornar uma grande empresaria, do tipo que tem tudo, e se casaria com o Don Juan. A verdade dói, principalmente em quem acredita na dor.
Aos 18 anos, tirou carta, esperou um carro de aniversario, seu pai, um pobre office boy, não tinha dinheiro nem para comprar papel higiênico. Sua mãe trabalhava como secretaria de um homem rico, nada como uma boa secretaria para aliviar seus stress, não é mesmo?
Iniciou no curso de administração, faculdade particular, não passou nas públicas, mensalidade cara, amigas ricas, e onde vem o dinheiro alheio?
Conheceu a prostituição através de uma de suas amigas, IPhone, perfumes importados, saia e salto alto... A resposta foi clara e rápida, sem dificuldades, "saio com uns caras, eles me pagam bem", simples.
E porque não? Trocar o prazer por dinheiro, sonho de muitos... Realidades para outros. E assim fez.
Loira tingida, com as raízes pretas, indo clareando até um quase branco nas pontas, tamanho médio, chegando perto do meio de suas costas, com uma franja cobrindo sua testa, da direita para a esquerda... Pele clara, sem qualquer indício do Sol, incrivelmente branca. Magra, com seus 64 quilos, perfeitamente distribuídos, peitos médios, bunda considerável, cinturinha de boneca, do tipo raro na era calça cintura baixa.
Camiseta azul, com alcinhas e cortes horizontais atrás... Saia preta, curta, mostrando suas belas coxas, salto alto agulha, azul escuro. Vai para a rua dita como a das putas.
Não perco tempo, esta é a hora tão esperada, meu carro está a uns 30 metros, do outro lado da rua, protegido pelo escuro, um Opala, 1976. Dou partida, o ronco do motor soa terrivelmente brutal, ecoando pela rua já deserta. Vou em sua direção, não me preocupo em ser discreto, não preciso, sou um homem invisível. Paro o carro em sua frente, do outro lado da rua, na contramão, me inclino sobre o banco do passageiro e desço o vidro. Ela vem em meu encontro, não diz "boa noite" e nem um mero "oi", vai direto ao ponto, "a hora é 200", comprometida pela primeira fala, não sabe vender, ou se vender. Embora tenha um belo corpo, sua primeira apresentação como puta é uma tragédia. Insisto, "Boa noite meu bem, entre", abro a porta. Ela para, trava, olha ao redor, e finalmente entra no carro. Bate a porta com força, o suficiente para me irritar com o barulho e o descaso com o meu tão prestigiado carro.
Se senta, não coloca o sinto, pernas bem fechadas, como que travadas, puxa sua saia para baixo, e coloca sua bolsa em cima de suas coxas.
Pergunto se ela tem preferência por algum lugar, "você escolhe", digo, "minha casa?", com descaso ela acena positivamente com a cabeça. Bem, que assim seja, vamos para a minha casa. Dou balão no final da rua, e desço pela Amazonas, logo já chego em meu doce lar. Silencio, ela não diz nada, não se meche, não me provoca, fria. Abro o portão de casa, controle remoto, estaciono o carro e desligo o motor. Deixei a porta da sala só encostada, odeio a enrolação das chaves, ela não abre a porta do carro, fica plantada, o que ela quer, que eu a pegue no colo como um recém casado? A chamo, "Hey garota!", ela se assusta, e meio que acorda de um transe, abre a porta e sai, bate o pé na porta, dá um leve "ai" e vem em minha direção, a puxo com violência contra mim, sem nenhum cuidado, aperto sua bunda e a empurro contra a parede da sala. Passo as mãos em seus ombros, descendo as alcinhas de sua camiseta, começo mordendo seu pescoço, leve fungadas, vou subindo, mordo a sua orelha e a puxo contra mim. Fungo em seu ouvido, enquanto levanto sua camiseta, ela ergue os braços e eu a deixo sem a roupa de cima, com seus lindos peitos a mostra, agora são meus, minhas mãos por debaixo da saia, a masturbo, delicadamente, como se fosse minha própria mulher, mordo seus peitos, e os aperto com a mão esquerda. Ela toma uma atitude, tira a calcinha e a joga no meu sofá. Puxa meu corpo contra o dela, só de saia e salto alto. Pego ela pela cintura, e vamos, aos esbarrões, em direção a cozinha. A sigo com as duas mãos em sua bunda, e a ergo, a colocando sentada em um balcão lateral ao faqueiro. A distraio, não quero que ela veja, pego uma faca media, com a mão direita, levo perto do se pescoço, e antes que ela se quer veja, abro um corte, na parte de traz do pescoço, indo da esquerda para a direita, pegando por último em toda a lateral do pescoço, propositalmente, aqui se encontra suas principais veias.  Ela não grita, nem vê, sangue jorra e ela cai sobre mim, continua sentada no balcão, com a cabeça em meu ombro.
A pego no colo e a levo para o banheiro, vamos tomar um banho antes de fudermos.
O sangue finalmente para de sair do corte.
Começo lavando o ferimento, passando por seus peitos, pescoço, um banho completo.
Fecho o registro do chuveiro, a levo para o meu quarto, deitada em minha cama, vou secar seu corpo, volto ao banheiro e pego a toalha, faço o trabalho com todo o cuidado, não quero ver mais sangue pela minha casa.

Seu corpo já está gelado, deixo na posição ideal para mim, sem preservativos, não há mais necessidade, seus planos de ter filhos foram cancelados.

Apenas uma noite

Me sinto como parte dessa noite. Sou como o pássaro que define as estações, como a pomba da rodoviária, me sinto melhor assim. Um andarilho sem direção, caminhando entre casas de trabalhadores, de mães, de irritante adolescentes, de carros se preparando pelo dia que esta por vir. Observo cada casa, cada muro e suas imperfeições, as coloridas pichações que os dominam e lhe dão um rosto de descontração. Os muitos nomes inelegíveis, desenho de homens cabeçudos e mulheres nuas, e por um momento gostaria de entender tudo isso.  

Chego na esquina, onde sou mais uma vez abordado por aquela prostituta, apenas sorri e me dá boa noite, retribuo a ação e acrescento, “Uma ótima noite para caminhar, não é mesmo?”, sua boca contornada por um batom vermelho volta a se manifestar, um sorriso se abre dando liberdade para lhe mostrar seus dentes, amarelados e tortos, denunciando seu tempo de profissão. Morena, com cabelos cacheados em um castanho claro, próximo ao loiro, vestia uma camisa próxima ao seus pequenos peitos, que estão aprisionados entre insistentes bojos do sutiã, que os forção a ficarem próximos, dando a impressão que são maiores. Abaixo de seu umbigo se iniciava uma mini saia vermelha, justa, curta o suficiente para ver seu útero. Suas pernas finas surgiam logo abaixo, vejo algumas marcas vermelhas contracenando com seu salto alto agulha. Seu nome era Ana, ou Amanda, não sei, talvez os dois.

Descrição Inferno

O piano de Fréderic se confunde com os meus berros, a noite chega, o belo luar me faz enxergar o que parece ser a minha última noite de vida.
“Hey, criança, será que podes me ouvir?”
Vomito sangue e clamo pela minha morte, onde está você Shinigami? Orgias infernais banhadas a lagrimas de pecaminosas almas... Vejo o Rio Aqueronte, bile, esperma e pus, cadáveres são carregados pela correnteza, uma cachoeira está mais adiante.
Na parte mais elevada se encontra um trono, vejo Belphegor fudendo com dois travestis, um deles não tem cabeça, apenas um pescoço decepado dando esguichos de sangue, que parece que nunca irá terminar.
Vejo crianças em rodas entoando o verdadeiro nome de Satan, pessoas sendo devoradas vivas, necrofilia por toda a parte. Definitivamente, este é o lugar mais medonho que você possa imaginar.

Gritos se misturam com gemidos, algo como o sêmen e sangue, se procuram e suavemente se tocam, enlaçam, formando o mais temido som já ouvido. Uma prostituta velha solta um grito desesperador, vejo seus olhos retorcerem, e um tom branco e mórbido toma seu corpo, ela não está morta, apenas pagando seus muitos pecados.

A casa

“Não existem coincidências, apenas o inevitável”
Não me orgulho muito da minha época de colegial, mas se tem uma coisa que aprendi em minha juventude, vendo dezenas de desenhos japoneses consecutivos, foi a frase acima, não me refiro a ela, ou ao fato de ser uma das minhas frases preferidas, mas sim ao significado por trás dela.
Era uma noite qualquer, uma dentre tantas outras noites solitárias em que me embebedo em casa, ao menos até o momento em que descido dar uma simples volta no quarteirão. Sou do tipo cético, sem crenças, sem deuses, mas nem por isso deixo de procurar pelo oculto, pelo contrário, o objetivo que dei a minha vida é a busca pelo sobrenatural, por mais controverso que isso seja. Então, nessa já referida noite, descido sair de casa, pego o Marlboro e o isqueiro, meus companheiros, e vou por meus pensamentos em dia, aproveitando para dar uma andada pela vizinhança deserta. Não sei ao certo que horas eram, deveria ser 1:00 ou 2:00 da manhã, estava frio e ventando, não levo blusa. A rua estava vazia, como o esperado, nem ao menos um maldito carro estacionado, nenhum sinal de habitação, a não ser duas ou três casas por quarteirão, a maioria em construção ou abandonadas. Bem-vindo ao bairro em que vivo, pelo visto o meu vazio é contagioso.

Caminho vagarosamente, observando o desenho da calçada, algo que imita pedras, mas é apenas concreto desenhado, mais uma das muitas mentiras deste lugar. Postes com suas luzes acesas, por exceção de um ou dois, mortos pelo tedio. A noite estava quieta, sem nuvens, sem Lua, apenas um vento frio e gelado, me fazendo me arrepender por não ter levado uma blusa de frio. Caminho em direção ao início da rua, sem grandes diferenças ao resto, apenas uma direção que por alguma razão decidi tomar. Estava passando na frente de uma praça, a única desse bairro, e tento me lembrar da última vez que vi uma criança naquela areia, me foge da memória, talvez nunca tenha tido alguma. Logo a frente observo uma casa abandonada, pilhas de tijolos e telhas em sua frente, matos saindo do que era pra ser sua garagem, abandonada em sua construção, agora a mercê de chuvas e do desgaste do tempo, o que é uma pena. Por um momento sinto o vento ficando mais forte e gelado, um arrepio percorre pelo meu corpo, e a única coisa que posso fazer é continuar olhando para aquela casa, hipnotizado. Ouço o barulho de uma porta, algo como dobradiças enferrujadas abrindo e fechando, o som da madeira batendo, se debatendo contra o vento. Aquilo me arrepia mais que o vento, a curiosidade me chamando para adentrar aquele lugar, mas meus instintos me ordenando a dar meia volta e retornar para a minha casa. Apenas fico parado em sua frente, ouvindo aquele barulho de porta e tentando imaginar o que esta acontecendo em seu interior. Imagino a possibilidade de haver pessoas lá dentro, escondidas na escuridão fornecida pelas paredes e telhado. E naquele momento percebo que tudo o que eu queria era encontrar alguém para conversar, humano ou não. Estava ficando louco, ou apenas solitário, talvez os dois.

Soneca

Ainda não sei exatamente o que aconteceu, mas com o propósito de registrar o ocorrido para que este não se perca como milhares por ai, vou descrever o que aconteceu nesta última semana. Era uma terça-feira, as 13:29, estava sozinho em casa, algo muito comum, ouvindo alguma música qualquer. O silencio era predominante, dando o ar de tédio naquele dia já definido como pacato.
Ouço alguém gritando, o som vem do lado de fora da casa, estava com fones de ouvido, demorei pra entender o que estava acontecendo. Me levanto, saio do meu quarto e vou até a sala, um foda-se a forma que estava vestido, blusa de frio e bermuda, simplesmente abro a porta.
Era uma mulher. Velha, digo, 50 anos? Por volta disso, ela fica em silêncio, vejo que ela veio de moto, cargo 125, olho no rosto dela na espera de uma resposta.
_Bom dia, sou da prefeitura, vim fazer as medições da casa.
Ok, mesmo sem ninguém ter me avisado, e levando em consideração que a casa é nova, ela deve estar dizendo a verdade. Faço uma expressão de desentendido, levantando a sobrancelha direita e abaixo a esquerda, coço a barba, olho bem a forma como ela está vestida, aparentemente uma funcionaria publica, com o uniforme coberto pelo agasalho...
_Bom Dia... Bem, fique à vontade... Não repare que a casa ainda não está totalmente mobiliada.
Na verdade, só a sala ainda está vazia, mas este sendo o primeiro cômodo que ela iria ver...  Foi mais uma explicação mesmo. De qualquer forma, ela acena com a cabeça de forma positiva, dá um pequeno sorriso, desses de tia, e entra sem pedir uma maldita licença. Ela passa por mim, e a encaro por trás, espantado com sua falta de delicadeza com um completo desconhecido. Logo ela saca de sua calça jeans, surrada, uma trena, e com um papel preso em uma prancheta ela dá início a suas anotações. Me debruço sobre uma das cadeiras da sala de jantar e observo calmamente aquela senhora em seu trabalho.
Em cerca de 10 min ela já havia terminado o seu trabalho, pergunto se precisa de mais algo, ela abaixa a cabeça, sorri, e tudo fica na maior escuridão. Bem, não sei ao certo o que aquela tia da prefeitura fez comigo, mas meu corpo ficou muito dolorido, acordei já a noite, jogado no chão da sala, e por mais vergonhoso dizer isso, estava completamente pelado, ou a parte mais vergonhosa seria cogitar um suposto estrupo daquela velha maldita? Meu coração acelera, tento me levantar, mas minha visão está embaçada, isso é muito embaraçoso. Passo mais alguns minutos jogado naquele chão gelado, me recomponho e finalmente estou em pé novamente.
Caminho cambaleando, apoiando nas paredes, percebo que meu nariz está sangrando... Aquela vaca... Vou até meu quarto, acendo a luz e vejo que está tudo em ordem, parece que ela não mexeu em nada. Me observo no espelho do meu banheiro, estou com várias marcas roxas pelo meu corpo, em meu rosto, e o mais estranho, estou sem nenhum pelo em meu corpo. A minha barba... Cinco longos meses para crescer, e se foi, completamente... Até minha sobrancelhas? Mas que porra. Visto uma roupa, e tento encontrar meu celular, ele está em minha mesa, onde o tinha deixado, pelo menos é o que eu lembro. São 19:36, passei mais de 6 horas desacordado. Me sento, e penso no que devo fazer, ligar para a polícia e dizer que acho que fui estuprado por uma mulher? Contar para meus pais que em meus plenos 20 anos abri a porta para uma louca? Isso tudo é uma tremenda loucura.
 Aquela foi apenas uma noite dentre várias que viriam que eu passei a claro tentando entender o ocorrido. Ou seria medo de fechar os olhos? Naquele mesma noite, horas mais tarde, percebi que tinha uma estranha cicatriz em meu pulso, e a medida que passava ela ia ficando cada vez mais escura, até ganhar a forma de um símbolo, o que só aumentou ainda mais o meu desespero.
Fiz o que me pareceu mais conveniente, entrei em chats anônimos na internet, procurava alguém que pudesse me ajudar. Tirei foto do símbolo que surgiu no meu pulso, e depois de algumas mensagens trocadas com completos desconhecidos o meu veredito foi dado. A velha era um ET, e eu fui a porra de um experimento.

Ela não me estuprou, o que foi um imenso alivio, ela estudou o meu corpo, e depois me marcou com aquele símbolo.