Ainda não sei exatamente o que aconteceu, mas com o
propósito de registrar o ocorrido para que este não se perca como milhares por
ai, vou descrever o que aconteceu nesta última semana. Era uma terça-feira, as
13:29, estava sozinho em casa, algo muito comum, ouvindo alguma música
qualquer. O silencio era predominante, dando o ar de tédio naquele dia já
definido como pacato.
Ouço alguém gritando, o som vem do lado de fora da
casa, estava com fones de ouvido, demorei pra entender o que estava
acontecendo. Me levanto, saio do meu quarto e vou até a sala, um foda-se a
forma que estava vestido, blusa de frio e bermuda, simplesmente abro a porta.
Era uma mulher. Velha, digo, 50 anos? Por volta
disso, ela fica em silêncio, vejo que ela veio de moto, cargo 125, olho no
rosto dela na espera de uma resposta.
_Bom dia, sou da prefeitura, vim fazer as medições
da casa.
Ok, mesmo sem ninguém ter me avisado, e levando em
consideração que a casa é nova, ela deve estar dizendo a verdade. Faço uma
expressão de desentendido, levantando a sobrancelha direita e abaixo a
esquerda, coço a barba, olho bem a forma como ela está vestida, aparentemente
uma funcionaria publica, com o uniforme coberto pelo agasalho...
_Bom Dia... Bem, fique à vontade... Não repare que a
casa ainda não está totalmente mobiliada.
Na verdade, só a sala ainda está vazia, mas este
sendo o primeiro cômodo que ela iria ver...
Foi mais uma explicação mesmo. De qualquer forma, ela acena com a cabeça
de forma positiva, dá um pequeno sorriso, desses de tia, e entra sem pedir uma
maldita licença. Ela passa por mim, e a encaro por trás, espantado com sua
falta de delicadeza com um completo desconhecido. Logo ela saca de sua calça
jeans, surrada, uma trena, e com um papel preso em uma prancheta ela dá início
a suas anotações. Me debruço sobre uma das cadeiras da sala de jantar e observo
calmamente aquela senhora em seu trabalho.
Em cerca de 10 min ela já havia terminado o seu
trabalho, pergunto se precisa de mais algo, ela abaixa a cabeça, sorri, e tudo
fica na maior escuridão. Bem, não sei ao certo o que aquela tia da prefeitura
fez comigo, mas meu corpo ficou muito dolorido, acordei já a noite, jogado no
chão da sala, e por mais vergonhoso dizer isso, estava completamente pelado, ou
a parte mais vergonhosa seria cogitar um suposto estrupo daquela velha maldita?
Meu coração acelera, tento me levantar, mas minha visão está embaçada, isso é
muito embaraçoso. Passo mais alguns minutos jogado naquele chão gelado, me
recomponho e finalmente estou em pé novamente.
Caminho cambaleando, apoiando nas paredes, percebo
que meu nariz está sangrando... Aquela vaca... Vou até meu quarto, acendo a luz
e vejo que está tudo em ordem, parece que ela não mexeu em nada. Me observo no
espelho do meu banheiro, estou com várias marcas roxas pelo meu corpo, em meu
rosto, e o mais estranho, estou sem nenhum pelo em meu corpo. A minha barba...
Cinco longos meses para crescer, e se foi, completamente... Até minha
sobrancelhas? Mas que porra. Visto uma roupa, e tento encontrar meu celular,
ele está em minha mesa, onde o tinha deixado, pelo menos é o que eu lembro. São
19:36, passei mais de 6 horas desacordado. Me sento, e penso no que devo fazer,
ligar para a polícia e dizer que acho que fui estuprado por uma mulher? Contar
para meus pais que em meus plenos 20 anos abri a porta para uma louca? Isso
tudo é uma tremenda loucura.
Aquela foi
apenas uma noite dentre várias que viriam que eu passei a claro tentando
entender o ocorrido. Ou seria medo de fechar os olhos? Naquele mesma noite,
horas mais tarde, percebi que tinha uma estranha cicatriz em meu pulso, e a
medida que passava ela ia ficando cada vez mais escura, até ganhar a forma de
um símbolo, o que só aumentou ainda mais o meu desespero.
Fiz o que me pareceu mais conveniente, entrei em
chats anônimos na internet, procurava alguém que pudesse me ajudar. Tirei foto
do símbolo que surgiu no meu pulso, e depois de algumas mensagens trocadas com
completos desconhecidos o meu veredito foi dado. A velha era um ET, e eu fui a
porra de um experimento.
Ela não me estuprou, o que foi um imenso alivio, ela
estudou o meu corpo, e depois me marcou com aquele símbolo.
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