domingo, 23 de outubro de 2016

Soneca

Ainda não sei exatamente o que aconteceu, mas com o propósito de registrar o ocorrido para que este não se perca como milhares por ai, vou descrever o que aconteceu nesta última semana. Era uma terça-feira, as 13:29, estava sozinho em casa, algo muito comum, ouvindo alguma música qualquer. O silencio era predominante, dando o ar de tédio naquele dia já definido como pacato.
Ouço alguém gritando, o som vem do lado de fora da casa, estava com fones de ouvido, demorei pra entender o que estava acontecendo. Me levanto, saio do meu quarto e vou até a sala, um foda-se a forma que estava vestido, blusa de frio e bermuda, simplesmente abro a porta.
Era uma mulher. Velha, digo, 50 anos? Por volta disso, ela fica em silêncio, vejo que ela veio de moto, cargo 125, olho no rosto dela na espera de uma resposta.
_Bom dia, sou da prefeitura, vim fazer as medições da casa.
Ok, mesmo sem ninguém ter me avisado, e levando em consideração que a casa é nova, ela deve estar dizendo a verdade. Faço uma expressão de desentendido, levantando a sobrancelha direita e abaixo a esquerda, coço a barba, olho bem a forma como ela está vestida, aparentemente uma funcionaria publica, com o uniforme coberto pelo agasalho...
_Bom Dia... Bem, fique à vontade... Não repare que a casa ainda não está totalmente mobiliada.
Na verdade, só a sala ainda está vazia, mas este sendo o primeiro cômodo que ela iria ver...  Foi mais uma explicação mesmo. De qualquer forma, ela acena com a cabeça de forma positiva, dá um pequeno sorriso, desses de tia, e entra sem pedir uma maldita licença. Ela passa por mim, e a encaro por trás, espantado com sua falta de delicadeza com um completo desconhecido. Logo ela saca de sua calça jeans, surrada, uma trena, e com um papel preso em uma prancheta ela dá início a suas anotações. Me debruço sobre uma das cadeiras da sala de jantar e observo calmamente aquela senhora em seu trabalho.
Em cerca de 10 min ela já havia terminado o seu trabalho, pergunto se precisa de mais algo, ela abaixa a cabeça, sorri, e tudo fica na maior escuridão. Bem, não sei ao certo o que aquela tia da prefeitura fez comigo, mas meu corpo ficou muito dolorido, acordei já a noite, jogado no chão da sala, e por mais vergonhoso dizer isso, estava completamente pelado, ou a parte mais vergonhosa seria cogitar um suposto estrupo daquela velha maldita? Meu coração acelera, tento me levantar, mas minha visão está embaçada, isso é muito embaraçoso. Passo mais alguns minutos jogado naquele chão gelado, me recomponho e finalmente estou em pé novamente.
Caminho cambaleando, apoiando nas paredes, percebo que meu nariz está sangrando... Aquela vaca... Vou até meu quarto, acendo a luz e vejo que está tudo em ordem, parece que ela não mexeu em nada. Me observo no espelho do meu banheiro, estou com várias marcas roxas pelo meu corpo, em meu rosto, e o mais estranho, estou sem nenhum pelo em meu corpo. A minha barba... Cinco longos meses para crescer, e se foi, completamente... Até minha sobrancelhas? Mas que porra. Visto uma roupa, e tento encontrar meu celular, ele está em minha mesa, onde o tinha deixado, pelo menos é o que eu lembro. São 19:36, passei mais de 6 horas desacordado. Me sento, e penso no que devo fazer, ligar para a polícia e dizer que acho que fui estuprado por uma mulher? Contar para meus pais que em meus plenos 20 anos abri a porta para uma louca? Isso tudo é uma tremenda loucura.
 Aquela foi apenas uma noite dentre várias que viriam que eu passei a claro tentando entender o ocorrido. Ou seria medo de fechar os olhos? Naquele mesma noite, horas mais tarde, percebi que tinha uma estranha cicatriz em meu pulso, e a medida que passava ela ia ficando cada vez mais escura, até ganhar a forma de um símbolo, o que só aumentou ainda mais o meu desespero.
Fiz o que me pareceu mais conveniente, entrei em chats anônimos na internet, procurava alguém que pudesse me ajudar. Tirei foto do símbolo que surgiu no meu pulso, e depois de algumas mensagens trocadas com completos desconhecidos o meu veredito foi dado. A velha era um ET, e eu fui a porra de um experimento.

Ela não me estuprou, o que foi um imenso alivio, ela estudou o meu corpo, e depois me marcou com aquele símbolo. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário